Sessão abordou os desafios do setor da mobilidade e dos transportes para a sustentabilidade

A última Innovation Talk foi dedicada à aplicação de materiais sustentáveis do futuro nos setores da aeronáutica/aeroespacial, ferrovia e automóvel. A sessão, dinamizada em parceria com o Centro de Interface PIEP - Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, decorreu no passado dia 15 de abril, em direto através do Facebook da ANI.

Ao longo dos próximos anos esperam-se várias mudanças nos diferentes setores económicos, sobretudo nos setores ligados aos transportes e à mobilidade. Estas mudanças derivam da mesma preocupação: a sustentabilidade. Para responder aos desafios do setor, o desenvolvimento de novos materiais e processos de fabrico que permitam obter mais qualidade e eficiência, com menos custos energéticos, ambientais e de transporte, torna-se importante e eminente. Portugal, neste enquadramento, pretende trilhar caminho nos setores da aeronáutica/aeroespacial, ferrovia e automóvel, com o desenvolvimento de novas soluções, no caminho da sustentabilidade.

O debate, moderado por Nuno Guimarães, Presidente do Conselho de Administração do PIEP, contou com os contributos de Paulo Antunes, Engenheiro Sénior e Gestor Técnico da área de Mecânica e Materiais na Stratosphere S.A., José Rui Marcelino, Fundador da Almadesign, e Júlio Grilo, Diretor do Departamento de Pesquisa e Inovação da Simoldes Plásticos.

A sessão arrancou, pela mão de Nuno Guimarães, com um enquadramento do setor dos transportes em Portugal com foco nas metas europeias traçadas para a sustentabilidade. No final 2020, a União Europeia aprovou o objetivo de, em 2030, cortar em 55% as emissões de estufa, com base em referências de CO2 de 1990, contribuindo assim para o objetivo de acelerar a transição para uma Europa mais verde, digital e com neutralidade carbónica. O moderador destacou que “as empresas do setor da ferrovia, aeroespacial e automóvel estão a investir no desenvolvimento de novos materiais mais leves, sustentáveis e mais eficientes de forma a cumprir com as metas da União Europeia”.

José Rui Marcelino, por sua vez, exaltou a importância da área do design para a integração de materiais e processos mais sustentáveis no setor dos transportes e a necessidade de ter em consideração todo o ciclo de vida dos produtos. “Projetar para reduzir a utilização de peças, o consumo de energia, a reciclagem e o fim de vida do produto” é, para o orador convidado, essencial. Salientou, ainda, a importância de investimento, de médio a longo prazo, em Investigação e Desenvolvimento (I&D) por parte das empresas do setor, sugerindo uma participação colaborativa da academia nesse processo.

No mesmo sentido, Júlio Grilo apontou, também, o investimento em I&D por parte das empresas e universidades como fulcral para a redução da pegada ecológica do setor. O Diretor do Departamento de Pesquisa e Inovação da Simoldes Plásticos considera que a grande dificuldade da tecnologia de desenvolvimento de novos materiais se deve ao facto de estes produtos serem mais leves ou com densidade reduzida, e apresentarem um menor desempenho, destacando os materiais híbridos como uma solução cada vez mais procurada no setor automóvel.

Na perspetiva de Paulo Antunes, a indústria tem de acompanhar a maior consciência ambiental do consumidor. Ressalvando que este é um caminho longo, o orador defende que a mudança deve ser trabalhada de forma consistente e pensada “utilizando, por exemplo, soluções híbridas, para no futuro, com a experiência que se vai adquirindo e com a atualização de formulações, seja possível aplicar na totalidade o potencial destes biomateriais na indústria”.

As Innovation Talks regressam no dia 6 de maio, para mais um debate dinamizado em parceria com o CVR – Centro de Valorização de Resíduos. Estas sessões decorrem em direto no Facebook e ficam também disponíveis no site e canal de Youtube da ANI, para que possam ser vistas ou revistas.