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Os filmes de ficção científica do século XX estão prestes a tornar-se uma realidade.

 

Não se trata do Batmobile, nem do K.I.T.T., mas da chegada dos carros autónomos. Reduzir o número de acidentes, proteger o ambiente e melhorar a acessibilidade são apenas alguns dos benefícios dos novos veículos, que deverão surgir a partir de 2020.

Em Portugal, já se prepara a legislação para dar condições a este cenário futuro, através de um grupo de trabalho que a Agência Nacional de Inovação (ANI) integra, juntamente com outras nove entidades.

O ecossistema nacional de inovação já é rico em soluções tecnológicas neste setor. O Instituto Pedro Nunes (IPN) realizou, no passado mês de outubro, em Lisboa, os primeiros testes em ambiente real de um veículo autónomo. O CEiiA já desenvolveu um carro elétrico autónomo que foi desenhado para ser um veículo on-demand para uso partilhado no meio urbano.

Ambas as entidades são Centros de Interface (CIT) reconhecidos pelo Ministério da Economia e apoiados pela ANI.

Lista de entidades do grupo de trabalho

Primeiro passo será a realização de testes

De acordo com o despacho publicado em Diário da República (DR), até ao final de maio deverá ser elaborada uma proposta sobre “as alterações legislativas necessárias à introdução das novas tecnologias ligadas à condução autónoma no setor automóvel, designadamente a execução de testes de circulação de veículos devidamente equipados”. A avaliação das modificações legais deverá ficar aprovada até ao final de junho.

A realização de testes nesta área já é uma prática global. Seja através de laboratórios de investigação, de instituições de ensino superior ou do tecido empresarial, assume-se como essencial para a “avaliação da maturidade e adequação das soluções”.

O Governo defende que “a regulamentação dos testes (…) pode criar condições favoráveis para atração de investimento estrangeiro, criando oportunidades às empresas e às instituições de ensino superior portuguesas”. O objetivo é reforçar o posicionamento de Portugal como “um país na vanguarda da evolução tecnológica”.

Automação já existe, mas vai evoluir exponencialmente

Presenciamos hoje uma revolução tecnológica no setor automóvel cujos benefícios se irão repercutir e incrementar ao longo de vários anos”, explica o texto publicado no Diário da República. Algumas das inovações já são uma realidade, como é o caso dos automatismos na direção, aceleração e desaceleração.

Mas o futuro é mais ambicioso. De acordo com o Parlamento Europeu, pretende-se que o condutor possa ter a visão e mãos livres até 2030, com a introdução da automatização completa (controlo do ambiente de condução e controlo em casos de emergência assumidos pelo veículo).

Para já, o Governo português afirma que “os veículos serão capazes de interagir diretamente uns com os outros e com a infraestrutura rodoviária”.

Benefícios são consensuais entre Portugal e Parlamento Europeu

O texto publicado no Diário da República aponta alguns benefícios à condução autónoma de ordem socioeconómica, como a possibilidade de pessoas com mobilidade reduzida beneficiarem deste meio de transporte, abrindo portas a uma democratização da mobilidade, acompanhada de otimização da utilização de recursos.

Os benefícios na “segurança rodoviária, na eficiência da gestão do trânsito, no conforto da condução, na redução de emissões de carbono e na sustentabilidade ambiental”, enumerados pelo Governo, são confirmados pelo Parlamento Europeu, que acrescenta a criação de novos empregos e lucros na ordem dos 620 mil milhões de euros para a indústria automóvel e 180 mil milhões de euros para o setor eletrónico, até 2025.

No entanto, há também alguns desafios a ultrapassar, como é o caso da integração destes veículos com peões, bicicletas e veículos não automatizados, questões de ética e de responsabilidade, entre outros, aponta o Parlamento Europeu.

Centros de Interface já resolvem os desafios

Alguns projetos internacionais e nacionais já estão a ultrapassar estes desafios em território lusitano. É o caso do projeto SCOOP@F, “no âmbito do qual foram efetuados testes de conectividade na região Norte”, ou do C -Roads, “com maior amplitude e que irá permitir equipar a infraestrutura rodoviária, sendo igualmente necessária a realização de testes”, pode ler-se no DR.

Destaca-se, também, o projeto promovido pelo Instituto Pedro Nunes - o AUTOC-ITS - que consistiu na realização de três pilotos (em Lisboa, Madrid e Paris) que testaram a “relação entre carros autónomos, convencionais e centros de controlo e a elaboração de recomendações a partir da análise dos resultados”, segundo o site oficial.

Os primeiros testes ocorreram no final do ano passado, na A9 – CREL, e tiveram a colaboração da Brisa. O projeto tem “dois objetivos principais: o teste de veículos autónomos com funcionalidades V2X (em ambiente C-ITS) e o estudo e análise da regulamentação existente por forma a permitir testes e circulação desses veículos”.

O Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel (CEiiA) foi a primeira entidade nacional a desenvolver um veículo autónomo. O veículo é on-demand de uso partilhado, dispondo de uma aplicação de telemóvel para controlo remoto.

Outras entidades têm também desenvolvido tecnologias que poderão ser aplicadas aos veículos autónomos. É o caso da Veniam, uma spinoff da Universidade do Porto, de Aveiro e do Instituto de Telecomunicações, que trabalha na área da “internet das coisas” (IoT) aplicada à conexão entre automóveis.

cit programa interface fitec
22/03/2019
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