Projetos nascidos da investigação científica em Instituições de Ensino Superior como Universidade Católica Portuguesa, Universidade de Aveiro e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa vencem concurso de ideias da ANI 

Já são conhecidos os três projetos vencedores do programa Born from Knowledge, BfK Ideas, promovido pela Agência Nacional de Inovação (ANI), que visa impulsionar a transferência de conhecimento das Instituições de Ensino Superior para o tecido empresarial. Na 8.ª edição do concurso foram apresentados 21 projetos inovadores semifinalistas. A final decorreu ontem, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa tendo sido distinguidos um projeto por categoria: “Saúde, Biotecnologia e Alimentação”, “Transição Verde” e “Transição Digital”.

Pandemia silenciosa pode chegar a primeira causa de morte mundial em 2050 
Categoria “Saúde, Biotecnologia e Alimentação”  
Rapid Phage Sensing (Universidade Católica Portuguesa) 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) chama-lhe a pandemia silenciosa; estima-se que a cada 45 segundos morra uma pessoa vítima de Resistência Antimicrobiana (RA). Num ano, são 700 mil pessoas, representando custos de 50 biliões de euros. Se nada for feita, a projeção é que, em 2050, a RA seja a principal causa de morte em todo o mundo. O nosso tempo com antibióticos está a esgotar-se, alerta a OMS. 
Entre a hospitalização de um doente e a deteção de RA o mesmo passa 24 a 48 horas sem isolamento, disseminando esta condição a pessoas saudáveis. Reduzir para uma hora este período de tempo é a proposta do projeto Rapid Phage Sensing, um dispositivo portátil, de grande sensibilidade e ultrarrápido. Ao reduzir o tempo e o espaço de exposição a potenciais contágios, sem necessidade de recorrer a pessoal especializado ou a equipamentos caros e de grande dimensão, os promotores do projeto estimam uma redução de 40% no número de infeções. Outra das vantagens é que a tecnologia consegue detetar estas infeções em ambientes hospitalares, por exemplo, onde a monitorização é difícil.

O capacete rebatível e sustentável está a chegar às duas rodas 
Categoria “Transição Verde”  
Flattie (Universidade de Aveiro) 

Tem vindo a colecionar prémios. Poucos meses depois de conquistar o James Dyson Award, o projeto Flattie volta a ser premiado, agora pela ANI.  
A necessidade de novas soluções de mobilidade urbana popularizou as bicicletas e as trotinetes enquanto meios de transporte. Mas os acidentes com trotinetes, levou o município de Paris a banir os serviços de trotinetes elétricas partilhadas. Em mais de 40% dos ferimentos infligidos em acidentes de utilizadores destas viaturas, está o traumatismo craniano, sendo que apenas 4% dos utilizadores usam capacetes. Porquê? São grandes, têm um tempo de vida curto e não é possível a sua reciclagem, não são de fácil utilização. Para colmatar esta questão surge o Flattie, um capacete em cortiça (matéria-prima reciclável e nacional), completamente rebatível, que se pode transportar na mochila. Conveniência aliada a sustentabilidade é o segredo do Flattie, que recentemente validou em laboratório a tecnologia de acordo com as normas europeias e pretende apresentar-se ao mercado na Eurobike, em julho do próximo ano. 

Literacia digital para todas as crianças 
Categoria “Transição Digital”  
Inclusive Programming (Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa) 

Partindo da premissa de que há poucos kits de Ciência, Tecnologia Engenharia e Matemática (STEM do inglês Science, Technology, Engineering and Mathematics) acessíveis a todas as crianças (independentemente de serem portadores de deficiência ou outras condições), e numa altura em que o acesso à literacia digital é fundamental, o Inclusive Programming é um sistema multimodal, tangível e robótico, já experimentado com crianças invisuais.  
As peças tangíveis possuem diferentes elementos como cores e elementos 3D, que permitem às crianças identificarem as diferentes ações que representam. Ao construírem um programa através dos blocos estão a programar o comportamento de um robô, com luzes, sons e movimento espacial. Tanto as peças como os robôs podem ser adaptados e são flexíveis para fornecer uma experiência personalizada ao aluno e ao progresso da sua aprendizagem.